sábado, 14 de novembro de 2015

Adenoma Pleomórfico

Adenoma Pleomórfico


Tumor de glândula salivar mais comum. Acomete com maior frequência parótida. Clinicamente, o adenoma pleomórfico da glândula parótida apresenta-se como lesão nodular única, com margens bem delimitadas, superfície lobulada, consistência endurecida, móvel e indolor à palpação. A grande maioria (90%) dos casos acometem o lobo superficial da glândula, sendo 80% na sua porção inferior. Tumores bilaterais são extremamente raros
       Microscopicamente, a variedade de tipos celulares é a principal característica do adenoma pleomórfico, não apenas entre diferentes tumores mas também em diferentes partes de um mesmo tumor. É composto por elementos epiteliais, mioepiteliais e mesenquimais, envoltos em um estroma de natureza mixóide, condróide ou mesmo osteóide.
O diagnóstico da neoplasia de parótida é feito a partir da história clínica minuciosa e pelo exame físico. Os exames de imagem, particularmente a ultrassonografia e a tomografia computadorizada podem ser realizados em casos selecionados para planejar o tratamento. A punção aspirativa com agulha fina (PAAF) é outra modalidade diagnóstica que pode ser utilizada no sentido de determinar se o tumor é benigno ou maligno, no entanto não serve para definir a conduta terapêutica. O diagnóstico definitivo de adenoma pleomórfico é realizado pelo exame histopatológico em cortes de parafina, a partir de uma parotidectomia com identificação e preservação do nervo facial
Mais comum em sexo feminino (3:1) e pode ocorrer em qualquer idade com pico entre 30 e 50 anos.)

Pode acometer glandulas salivares menores, no interior da cavidade bucal, neste caso, 60% das lesões acontece em palato duro, como na imagem abaixo.
Tratamento
O tratamento para tumores de parótida é a remoção da glândula. Para lesões intrabucais deve-se realizar a excisão completa da lesão.





Adenoma Pleomorfico em palato duro.
Imagem prof. Marcelo Cardoso

Tumores Benignos

Papiloma

Lesão induzida pelo papilomavirus Humano (HPV). É uma proliferação celular benigna do epitélio escamoso estratificado que resulta em um aumento de volume papilar ou verruciforme.
Podem ser encontrados no vermelhão dos lábios e na mucosa da boca, com predileção pelo palato duro, palato mole e úvula. Essas três últimas localizações constituem aproximadamente um terço das lesões encontradas. Em geral medem menos do que 1cm na maior dimensão e aparecem como alterações exofíticas da superfície, entre granulares e semelhantes a couve-flor.
O tratamento é  a excisão cirúrgica e biópsia. Recidivas são raras.


Papiloma
 Estomatologia Unioeste


Lipoma

O lipoma intraoral é uma neoplasia benigna de mucosa correspondendo de 1 a 4% de todos os tumores benignos de mucosa oral. Apresentam tecido mesenquimal adiposo, usualmente coberto por uma fina camada de cápsula fibrosa, podendo ocorrer em diferentes tecidos e órgãos do corpo. Sua etiologia e patogenicidade não é bem esclarecida, sendo relatada a influência de fatores hormonais, endócrinos e inflamatórios. Geralmente são de crescimento lento, bem delimitado, indolor podendo ser superficial ou profundo, porém possuem um subtipo maligno denominado liposarcoma. As regiões na cavidade bucal com maior frequência são: mucosa bucal, lábio, língua, sulco vestibular e assoalho bucal. O diagnóstico é geralmente clínico. O tratamento é a excisão cirúrgica, e o especime deve ser encaminhado para biópsia.

A e B lipoma em borda lateral de língua, imagem clínica e da lesão excisada. Em C e D observamos células adipposas maduras.


Schwanoma
Neoplasia benigna originária das células de Schwan, que fazem parte do  tecido nervoso.
Se apresentam como Lesões nodulares, de consistência borrachóide, assintomática.
Geralmente Ocorre em adultos jovens, com localização preferencial em língua, soalho e palato.O tratamento de escolha é a Excisão cirúrgica e biópsia.  Assim como em toda excisão cirurgica, o especime deve ser enviado para analise histopatológica onde vai apresentar na lâmina dois padrões distintos, denominados Antony A e Antony B. 

                                                                      Schwanoma


                                      Padrão Antony A Seta preta, Padrão Antony B seta azu

Tumor Odontogenico de ectomesenquima - Mixoma




Tumores de Ectomesenquima odontogenico com ou sem epitélio Odontogenico


É um terceiro grupo de tumores odontogênicos composto principalmente de ectomesenquima odontogênico. O epitélio odontogênico pode ser incluído nestas lesões, mas não representa qualquer papel essencial em sua patogênese.


MIXOMA
O mixoma odontogênico é uma lesão, que mimetiza microscopicamente a polpa ou o folículo dentário. Embora seja uma neoplasia benigna, é agressiva e pode recidivar devido à ausência de cápsula e da consistência frouxa. A imagem radiográfica é radiolúcida, mal-definida, exibindo trabéculas ósseas finas que formam angulo de 90 graus.  O tratamento de escolha é radical, já que a curetagem pode resultar em remoção incompleta. Apesar do potencial de recidiva, o prognóstico é bom.



Aspecto radiografico mostrando finas trabeculas ósseas formando angulos de 90 graus

                                                    Aspecto macroscópico, observe a consistencia gelatinosa da lesão

Tumores Odontogenicos mistos

Fibroma ameloblastico



 Neoplasia mista real (verdadeiro) , tanto epitélio quanto mesênquima apresentam comportamento neoplásico (se multiplicam). Comum em crianças e adolescentes.
Mais comum em mandíbula posterior. Radiograficamente: lesões uni ou multiloculares, radiolúcidas com limites precisos, presença de dentes inclusos é comum.
Histologicamente apresenta Cordões longos e estreitos de epitélio odontogênico em um estroma de tecido conjuntivo  primitivo  (células imaturas) ricamente celularizado.

FIBRO-ODONTOMA AMELOBLÁSTICO
Esta também é uma lesão mista (com células epiteliais e mesenquimais), se diferencia do fibroma ameloblastico pela presença de calcificações.





O componente de tecido mole do tumor é igual a um fibroma ameloblástico. Existe ainda a Formação de estruturas  semelhantes as dentárias (calcificadas)






ODONTOMA:

São proliferações benignas consideradas hamartomas compostas de esmalte, dentina, cemento e polpa em quantidades variáveis. Relativamente comuns, são subclassificados nos tipos composto e complexo. 

Os odontomas compostos são constituídos de múltiplas (ocasionalmente 100 ou mais) estruturas semelhantes a um dente.

Os odontomas complexos consistem em massa de esmalte, dentina e cemento distribuídos de forma aleatória. 

Os tipos complexo e compostos ocorrem com a mesma frequência e são mais encontrados na maxila do que na mandíbula.  São detectados por exame radiográfico de rotina, são pequenos e raramente excede o tamanho de um dente.  A  maioria associa-se a coroas de dentes  não-irrompidos, porém também podem ocorrer entre as raízes de dentes irrompidos.

Normalmente o aspecto radiográfico é diagnóstico, separando um pequeno contorno radiolúcido a proliferação do osso normal circunjacente




Odontoma complexo



Odontoma composto: Multiplos dentículos




Ameloblastoma

Os tumores odontogênicos são lesões derivadas dos tecidos epitelial ou mesenquimal que fazem parte do complexo processo da odontogênese, e são classificados histologicamente de acordo com sua origem em epiteliais, mesenquimais ou mistos.

•Tumores de origem epitelal, sem ectomesênquima
-Ameloblastoma
-Tumor Odontogênico Epitelial Calcificante
-Tumor Odontogênico escamoso

-
•Tumores de origem epitelal, com ectomesênquima, com ou sem formação de tecidos duros
-Fibroma Ameloblástico
-Fibrodontoma Ameloblástico
-Odontoameloblastoma
-Tumor Odontogenico Adenmatóide
-Odontoma, complexo e composto
-
•Tumores de Ectomesenquima odontogenico com ou sem epitélio Odontogenico
-Fibroma Odontogenico
-Mixoma
-Cemetoblastoma



Ameloblastoma


O ameloblastoma é um neoplasia  localmente agressiva, na qual a diferenciação ameloblástica está presente. Ele é o mais comum entre os verdadeiros tumores odontogênicos. O ameloblastoma é derivado dos remanescentes da lâmina dentária,(podendo desenvolver-se através do revestimento dos cistos dentígeros) O desenvolvimento dos ameloblastomas periféricos pode derivar-se do epitélio de superfície da gengiva. Ele é capaz de causar deformidade orofacial e apresenta alto índice de reocorrência, se tratado inadequadamente.

São conhecidas 3 categorias de ameloblastoma: convencional; unicístico; periférico (extra-ósseo).

O ameloblastoma do tipo convencional é o mais comum e consiste em um componente infiltrativo sólido, porém áreas de formação cística podem ser presentes. 
É mais comum em adultos, média de 36 anos. Em 85% dos casos a ocorrência é na mandíbula, 60% na região dos molares e no ramo ascendente.
Radiograficamente se apresenta como lesão rediolúcida multicolulada, apresentando aspecto de bolhas de sabão quando as loculações são grandes, ou como favo de mel, quando pequenas. As margens são usualmente, bem definidas. Costumam apresentar reabsorção radicular e expansão da tábua óssea e até perfuração da cortical.

De regra, os ameloblastomas convencionais são tumores de crescimento lento, indolores e que permanecem assintomáticos até adquirirem grande tamanho. Uma tumefação óssea indolor é o sintoma mais comum, e expansões corticais pelos lados vestibular e lingual frequentemente são presentes.

O tratamento depende da extensão do tumor. Em geral, tais tumores são tratados pela remoção em bloco em virtude de esse tipo de ameloblastoma tender a infiltrar-se entre as trabéculas de osso intacto, antes que a reabsorção se torne evidente. Por isso, as margens do tumor geralmente se estendem além das margens clínicas ou radiográficas aparentes. Os ameloblastomas da região posterior da maxila são particularmente perigosos por causa da sua localização anatômica e a dificuldade do estabelecimento de margem cirúrgica adequada. A morte resulta da extensão direta do tumor até a base do crânio.



Ameloblastoma

Ameloblastoma de grande extenção
Transcirurgico Ameloblastoma.  Imagens cortesia Prof.Dr Celso Lemos


Os padroes histológicos do Ameloblastoma convencional são:
Padrão folicular
Padrão plexiforme
Padrão acantomatoso
Padrão de células granulares
Padrão de células basais

O mais comum é o padrão folicular



Padrão folicular: Múltiplas ilhas de epitélio odontogênico exibindo diferenciação colunar periférica com polarização invertida. As zonas centrais lembram o retículo estrelado do esmalte e exibem focos de degeneração cística.



Os ameloblastomas podem, às vezes, exibir transformação de grupos de células epiteliais em células granulares, ai temos o padrão de células granulares.


Ameloblastoma (variante de células granulares). Ilha tumoral exibindo células centrais com citoplasma granular proeminente.


Quando ocorre metaplasia escamosa (transformação das célula), frequentemente associada à formação de queratina, nas regiões centrais das ilhas epiteliais de um ameloblastoma folicular, o termo ameloblastoma acantomatoso vezes é aplicado.


Ameloblastoma (padrão acantomatoso). Ilhas de ameloblastoma exibindo queratina central (pérolas de queratina) 


No padrão plexiforme, existe uma multiplicação intensa das células da periferia da ilha, gerando cordões de células tumorais que se unem.

Ameloblastoma (padrão plexiforme). Cordões de epitélio odontogênico anastomosando-se.


PADRÃO DESMOPLÁSICO

Neste padrão temos um aumento da produção da citocina conhecida como fator de crescimento transformador-beta (TGF-b) associado a essa lesão, sugerindo que tal citocina pode ser responsável pela desmoplasia (transformação)
Esse tipo de ameloblastoma contém pequenas ilhas e cordões de epitélio odontogênico em um estroma densamente colagenizado.



Variante de Células Basais
A variante de células basais é o tipo menos comum de ameloblastoma. Essas lesões são compostas por ninhos de células basaloides uniformes e, histopatologicamente, são muito similares ao carcinoma basocelular da pele. Não há retículo estrelado (células epiteliais odontogenicas) na porção central dos ninhos.



AMELOBLASTOMA UNICÍSTICO

Neste tipo de tumor, o ameloblastoma se desenvolve associado a um cisto. 
Existem 3 tipos
Luminal
Intraluminal
Mural

Tipo Luminal

Luminal-  o tumor está confinado  à superfície luminal do cisto. 


Tipo Intraluminal
A diferença do tipo Intraluminal para o luminal é que no intraluminal um ou mais nódulos de ameloblastomas se projetam do epitélio cístico em direção  a luz do cisto.


Tipo Mural
Neste tipo, o ameloblastoma cresce em direção a  parede do cisto, sendo mais destrutivo.


AMELOBLASTOMA PERIFÉRICO
Este é o tipo extra-ósseo, localizado na gengiva.


Cisto do Ducto Nasopalatino e Cisto Dermoide

Cistos são cavidades patológicas com conteúdo fluído, semifluído ou gasoso, não formadas por acúmulo de pus. Eles são recoberto por Epitélio (total ou parcialmente).

A diferença entre cistos e tumores é que tumores são sólidos, diferente dos cistos que são cavidades com conteúdo fluído. (Lembrem-se do exemplo do ovo).

Cistos não Odontogênicos:


Cisto do ducto Nasopalatino (CDNP):
Considerado o cisto não-odontogênico mais comum (73% dos casos).
Sua patogênese é incerta. Atualmente, acredita-se que este cisto origina-se da proliferação dos remanescentes epiteliais do ducto nasopalatino, estrutura embrionária que liga a cavidade bucal com a cavidade nasal na região do canal incisivo. Normalmente, estes ductos regridem nos humano, porém podem permanecer remanescentes epiteliais nos canais incisivos.
Vários fatores etiológicos têm sido relatados tais como trauma na região durante a mastigação ou por prótese mal adaptada, infecção bacteriana bem como, proliferação epitelial espontânea.

Clinicamente o CDNP apresenta crescimento lento e assintomático geralmente descoberto durante o exame clínico e/ou radiográfico de rotina. Os casos sintomáticos normalmente indicam a presença de infecção secundária da lesão.
Radiograficamente, a lesão apresenta-se com área radiolúcida, unilocular, bem delimitada, com bordos radiopacos (escleróticos), de formato que varia de ovóide, arredondada, com aspecto de coração ou pêra próximo ou na linha média da maxila. Sabe-se que o formato de coração resulta da sobreposição da espinha nasal anterior ou porque apresentam projetada a imagem do septo nasal enquanto que, a forma de pêra invertida, provavelmente ocorra devido à resistência das raízes dos dentes adjacentes. Raramente é notada reabsorção radicular. O tratamento do CDNP consiste na enucleação total da lesão. O ideal é remover a lesão em estágio inicial para minimizar o risco de complicação pré e pós-operatórias.

Cisto do ducto nasopalatino



Cisto Dermóide

Retenção de células multipotenciais, resultando em uma forma de cisto benigno originário do Epitélio Germinativo Embrionário. Considerado teratoma, pode conter anexos cutâneos como pelos.
Maior acometimento de adultos jovens, é assintomático de crescimento lento, com consistência amolecida a palpação.
Tratamento remoção cirúrgica
Cisto dermoide, muito comum em soalho de boca
(Dr. Adré Caroli, publicação: Arquivos Int. Otorrinolaringol. (Impr.) vol.14 no.3 São Paulo July/Sept. 2010)

Remoção da lesão encapsulada.
(Dr. Adré Caroli, publicação: Arquivos Int. Otorrinolaringol. (Impr.) vol.14 no.3 São Paulo July/Sept. 2010)

Cisto Nasolabial

Cisto Nasolabial
Cisto do desenvolvimento raro que ocorre no lábio superior, lateral à linha médiaMuitas vezes, aumento eleva a mucosa do vestíbulo nasal e causa apagamento do fundo de vestíbulo.


Cisto Nasolabial

O tratamento de eleição do cisto nasolabial consiste na remoção cirúrgica total por acesso intraoral. Como a lesão geralmente está próxima ao soalho nasal, muitas vezes é necessário retirar uma parte da mucosa nasal para garantir a remoção completa da lesão. A recidiva é rara.

Pseudocistos

Cisto Ósseo Simples
É um espaço vasio intra-ósseo, considerado um Pseudocisto (falso cisto) pois não tem o revestimento epitelial característico dos cistos. Apesar de mais frequente em ossos longos como femur, pode ocorrer nos óssos gnáticos 

A etiologia mais aceita é de que seu desenvolvimento aconteça após uma hemorragia intramedular produzida por trauma  (Teoria Trauma-Hemorragia).
Geralmente é enconatrado em exames de imagem de rotina como a radiografia panorâmica.
Deve ser realizada punção aspirativa, geralmente o material obtido é ar ou fluido sanguinolento.
Apesar de alguns cistos ósseos resolverem-se espontaneamente, a intervenção cirúrgica geralmente costuma ser indicada não apenas para confirmação do diagnóstico como também pelo fato de que a simples exploração do cisto costuma ser o tratamento adequado. Além disso, a curetagem das paredes ósseas é geralmente indicada, e a regeneração óssea pode ser verificada depois de alguns meses.




Imagens publicadas em: Rev. cir. traumatol. buco-maxilo-fac. vol.10 no.4 Camaragibe Set./Dez. 2010




O Cisto Ósseo Aneurismático, apesar do nome não é nem um aneurisma e nem um cisto verdadeiro. Segundo a OMS, esta doença define-se como lesão osteolítica expansiva, constituída de espaços cheios de sangue, podendo ocorrer em qualquer segmento do esqueleto, sendo mais comum em óssos longos. A imagem sugestiva desta lesão mostra areas radiolucidas multiloculares, com o aspecto de bola de sabão.
O crescimento da lesão, que geralmente é rápido, podendo causar compressão de estruturas nervosas, levando ao surgimento de sintomas, como dor local.  O tratamento do cisto ósseo aneurismático é controverso, mas a maioria dos autores preconiza a ressecção cirúrgica, visando à remoção completa da lesão, reduzindo, assim, o índice de recidiva.

Cisto ósseo aneurismático, aspecto de bolha de sabão